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QUASE 30 ANOS 

Crônica de Ivan Dorea Cancio Soares

(. Arqueólogo, Historiador e Prof. Universitário

. Diretor-Geral do C.E.C.H.)
 

          O nosso Centro de Estudos das Ciências Humanas / C.E.C.H. completou 29 anos de fundado. Naquele dia (20 de fevereiro de 1984 - uma 2ª-feira), criei sozinho o “Centro de Estudos e Pesquisas da História / C.E.P.H.”.

          Pequenino, minúsculo, um cisco perdido no Universo, mas com uma vontade gigantesca de fazer história, o C.E.P.H. surgiu no cenário cultural baiano. Não tínhamos dinheiro, não tínhamos sede, não tínhamos nada. Só tínhamos o sonho. Convidei alguns poucos ex-alunos da Universidade Católica do Salvador / UCSal para constituírem o cerne inicial. Idealizamos Cursos e Pesquisas. Lançamos na Imprensa as nossas primeiras notícias. Pouco mais de 02 meses depois, fizemos a Aula Inaugural, abrilhantada com uma excelente palestra do Prof . Hélio Rocha.

          Arqueólogo e Professor que sou, tinha a Pesquisa e o Magistério como os  maiores ideais e, junto com o pequenino grupo de ex-alunos, concretizamos logo diversos Cursos: “Introdução à Pesquisa em Arqueologia e História”, “Cultura Brasileira: da Pré-História aos dias atuais”, “A questão do método em História”, “Cangaço: do mito a uma nova abordagem”, “Alfaiates: idéias de uma revolta que ficou esquecida”, “Filosofia da História”, “A Filosofia do Homem no Mundo Pré-histórico”, “Semana de Estudos Indígenas”, “Filosofia da Pesquisa Científica” e outros mais. Paralelamente, o 1º Projeto foi planejado e realizado: “Pedra do Cavalo, Arqueologia e História”, na grande área da Barragem que seria instalada no Recôncavo Baiano. Durante 03 anos (1985 a 1987) conseguimos reunir um precioso acervo, todavia, motivos completamente externos à nossa vontade, provindos das “mudanças” políticas de então, interromperam o “Projeto”.

          Manter uma Instituição inteiramente dedicada à Cultura e à Ciência em um País que não valoriza o conhecimento provoca uma série de amargas decepções. Durante alguns anos lutamos com grande dificuldade para manter o sonho vivo.

          Em 1995, ampliamos as áreas de atuação, mudando o nome para “Centro de Estudos das Ciências Humanas / C.E.C.H.” e, a partir de 1997, conseguimos dar uma arrancada mais potente no motor do mesmo. Um convite para participar de um Congresso foi seguido por outro para integrar um grande Projeto. A Arqueologia nos abria as portas. Os Projetos começaram a aparecer. Um deles, “Casa da Torre de Garcia D’Ávila” passou a ser o nosso cartão de apresentação, desde 1998. Outros Projetos vieram e mais outros.

          Em momentos de profunda emoção, inauguramos a “Exposição Didática Inicial – Barragem Pedra do Cavalo” (1986), a “Exposição Didática de Arqueologia – Colégio SS Sacramento / Sacramentinas – Cidade do Salvador” (1989), a “Exposição de Arqueologia – Colégio Cláudio Abílio Aragão – Cidade de Irecê” (1993), a “Sala de Arqueologia – Casa de Orações dos Jesuítas / Espaço Cultural da Caixa Econômica Federal” (1999), o “Laboratório de Arqueologia da Casa da Torre de Garcia D’Ávila – Praia do Forte” (2002), a “Mostra Permanente de Arqueologia – Arquivo Municipal da Cidade de São Félix” (2005) e o “Museu Arqueológico da Embasa – Cidade do Salvador” (2006).

          Dentro de um ano, completaremos 30 anos. Novos Projetos acontecerão, novos Cursos também. Continuamos a trilhar pela estrada da cultura científica, dedicando a nossa vida ao ensino e à pesquisa da “Arqueologia”, dos “Estudos Sócio-ambientais”, da “História” e da “Pedagogia”, levando a “Educação Patrimonial e Ambiental” às mentes juvenis e adultas ávidas de conhecimento, com palestras nas Escolas, Faculdades e Empresas, objetivando despertar o gosto pela defesa da nossa importante Cultura material e imaterial, bem como pelo meio-ambiente.

          (Aqui, vale – e muito – um preito de gratidão:

          - a todos os Componentes efetivos e consultores, tanto os que estão conosco quanto os que desejaram alçar outros vôos,

          - a todos os Empreendedores / Patrocinadores dos Projetos, os quais acreditaram e confiaram em nós,

          - a todos os que nos viraram as costas, porque só fizeram nos ajudar - com as suas críticas - a rever nossas atitudes,

          muito obrigado!).

          Enfim, sabemos as muitas dificuldades que existem, temos vivenciado crua e doloridamente essas dificuldades, todavia, elas nos impulsionam a prosseguir com tenacidade, caminhando na estrada da vida com a força da fé em Deus e de apenas duas palavras que reúnem todas as outras em si:

          Competência e Dignidade.
   
          Salvador – Bahia, 20 de fevereiro de 2013.